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sábado, 9 de junho de 2018

C-VIISD - Diálogo em septilhas



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Diálogo entre Iago Israel e Pedro F. Alves.
Mote de Iago Israel:
“Pode infinito apetite
Caber na pança finita?”


GULOSO
  
I
Para que a pança se espiche
Mais um novo lanche eu mordo;
Deus quis que eu ficasse gordo
Fez desta fome um fetiche.
Coca pede sanduíche,
Sanduíche pede frita;
E agora a barriga grita
Para que enfim medite:
Pode infinito apetite
Caber na pança finita?

II 
Não vale trapacear!
Sanduíche, poesia,
pães nossos de cada dia...
Querendo Deus inculpar
se atreve a perguntar:
cabe a mim a desdita
por esta fome maldita
que não há quem a evite?
“Pode infinito apetite
Caber na pança finita?”

III
Mas Deus que criou o trigo
De que todo pão é feito;
E me criou imperfeito,
A gula levo comigo!
Por isso que choro, amigo, 
Culpo a Deus na minha escrita. 
Pois esta fome conflita
Com a vontade, acredite!
Pode infinito apetite
Caber na pança finita?

IV
Embora corresponsável,
Deus não tem culpa de nada,
pois, essa gula danada
é refém da ignorância
que desperta arrogância.
A culpa está restrita
à rudeza infinita
que acresce seu palpite:
“Pode infinito apetite
Caber na pança finita?”

V
A gula vem desde a infância
E até hoje permanece.
Não faltou pedido ou prece
Pra Vossa Divina Instância. 
Sei que toda dor ou ânsia
Já foi por Ele predita. 
É o teste que te exercita
Pra ver se Nele acredite. 
Pode infinito apetite
Caber na pança infinita?

VI
Não quero entrar no mérito
para achar os culpados,
se por Deus fomos criados
Ele é o benemérito     
do presente e pretérito.
Para quem não acredita
e Seus poderes limita,
saiba: tudo tem limite!
“Pode infinito apetite
Caber na pança finita?”
                      
            VII                
Meu amigo tem razão:
Pois não importa o culpado
Nem o passado, passado.
O que está em minha mão
É dizer sim, dizer não,
E esta decisão me irrita. 
Adão viu Eva, bonita,
Que à maçã fez o convite... 
Pode infinito apetite
Caber em pança finita?

VIII 
Por a mão na consciência
e agir com sensatez
vence a estupidez
que nos causa dependência
e nos leva à falência.
Consta da santa escrita
a forma que delimita
o que o mundo nos dite!
“Pode infinito apetite
Caber na pança finita?”
                                      

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