Indriso 54 – Notas nossas de cada dia

 

– A canção tem apenas sete notas, 

segundo consta de algumas notas,

mas, foi o alvo das melhores notas!

– O prêmio, em moedas ou em notas?

– No rodapé estão todas as notas,

se tiveres cuidado, logo notas!

Nota é: som, mensagem, valiar 

cédula, notação, verbo notar...

PFA/

Tempo, compasso e descompasso!

Os meus passos são trôpegos e longos,

com métrica e ritmo complicados,

decorrentes dos muitos pés quebrados

produzindo hiatos e ditongos.

Já pisei firme e em segurança,

ainda que no fio de espadas,

ergui palácios para reis e fadas.

Imaginário tempo de lambança!

Mas, o tempo produz experiência,

encurta, ou aumenta, a frequência,

impondo ritmo, métrica e rima,

então, quando o fim se aproxima,

os sons e ritmos, fora do compasso,

apertam e provocam descompasso.

PFA/

Entre cristãos...

– Não dá pra suportar o teu veneno,

excedeste a todos os limites,

em tudo queres dar os teus palpites,

vê se consegues sorgo mais ameno

pra dosar com o teu amargo feno.

Indiferença serve de sinal,

alertando início e final

dos limites da minha tolerância,

estou farto da tua arrogância,

por favor, desce deste pedestal!

– Queres empurrar de goela abaixo

as fantasias em que acreditas,

algumas com visões surrealistas

e nível verossímil muito baixo,

mas, a elas, jamais eu me rebaixo!

Pretendes, com teu reles arsenal,

alcançar o penhor universal,

mas, tua crença verte ignorância,

estou farto da tua arrogância,

por favor, desce deste pedestal!

– Somos todos irmãos, há um só Deus,

não virá outro Cristo pra morrer,

Jesus fez o que tinha de fazer

pra remir os pecados meus e teus,

sejamos muçulmanos ou ateus!

Deixemos o Espírito real,

seguindo a vontade divinal,

por um final em nossa petulância,

Deus tá farto, com tanta arrogância,

  por favor, desçam deste pedestal!

  PFA/

Bravos sentinelas

Tendo os bicos como duas setas,

ainda que não sejam perigosos,

são iguais a dois picos montanhosos

que dificultam as ousadas metas.

Contra temidos e falsos atletas,

sempre alertas e de prontidão,

tão somente concedem permissão

às raras exceções que lhes revelas,

teus seios são dois bravos sentinelas

defendendo teu nobre coração!

Sem discriminação, mas sem temores,

se armam contra todos que vierem

mostrando claramente o que querem,

e agem como tigres protetores.

Ante os atrevidos agressores,

enfrentando qualquer situação,

contra o mais temível batalhão,

ou diante de forças mais singelas,

teus seios são dois bravos sentinelas

defendendo teu nobre coração.

PFA/

Cristo e o ladrão

Se sou eu quem escolhe o final,
se não cabe a Cristo decidir,
se Deus só faz o que eu permitir,
se a cruz não é o instrumental
que define a vida eternal;
se Jesus é o nosso Redentor,
se o perdão advém do Seu amor,
se a justiça de Deus é amorável,
mas, não tem consistência aplicável,
foi vão o sacrifício salvador!

Se o Senhor Deus é onisciente,
se eu serei eterno aprendiz
sujeito ao que faz e ao que diz,
se a Trindade é onipotente
e tem ubiquidade permanente,
se é o instrumento Criador,
o cerne divinal mantenedor
e a real essência inefável,
mas, não tem consistência aplicável,
foi vão o sacrifício salvador!

PFA/

5 - A roseira e seu Comandante

Pode o mar ser revolto e bravio,
tempestades não me assustarão,
chuva, raios, relâmpagos, trovão,
representam só mais um desafio,
do meu rumo, por nada me desvio!
Recifes de corais, abrolhos, charco,
tudo é contratempo débil, fraco,
diante do bem e do mal, assumo,
sigo firme, não mudo o meu rumo,
Deus está no comando do meu barco.

PFA/

4 - A roseira em recomeço

Sábado do Senhor, o Sol resplandeceu
iluminando o planeta Terra,
a começar do píncaro da serra,
até onde jamais outra luz desceu.

Com mais intensidade, outra luz
resplandeceu na vida da roseira,
iluminando-a de tal maneira,
idêntica à Luz que mais reluz.

Luz especial que alimenta
e que os desenganos afugenta
estimulando à vida cristã.

Cremos que no raiar do amanhã
estaremos de volta para o lar
aptos a, outra vez, recomeçar.

PFA/

3 - A roseira na sequência

Segue o tratamento intensivo,
antes prevenir que remediar,
mas, em sendo preciso retardar,
a gente questiona o motivo.

No caso da roseira, a prudência
é que falou mais alto. Tudo bem,
mas, prevenir não faz mal a ninguém!
O ditado do povo tem ciência!

Com a saúde não se brinca, logo,
na dúvida, melhor não arriscar.
A todos que estão orando, rogo

perseverança, fé e paciência,
em breve, muito breve, vão chegar
os anjos pra selar a  providência.

PFA/

2 - A roseira em podagem

Floricultores, com experiência,
executarão o procedimento;
a roseira aguarda o momento
orando e confiante na ciência.

Apreensivas as rosas aguardam
os resultados da intervenção
enquanto, em contrita oração,
amigos e parentes se resguardam.

Finalmente a notícia alvissareira:
- Há excelentes chances pra roseira.
Exaltemos o nome do Senhor!

Expectativas de pleno sucesso,
um repouso na UTI, regresso
e, por fim, as benesses do amor.

PFA/

Mão boba

Ainda que você diga que não,

esteja certa, não vou desistir...

enquanto eu viver vou insistir

em massagear o seu coração.

Se há um sei o quê, por qualquer coisa,

obstruindo a peça da massagem,

é vão atribuir libertinagem

à inocente mão que nele poisa.

Eu não sei os porquês dos seus receios,

inexiste segundas intenções,

são infundados os seus devaneios;

vou apenas fazer minhas massagens,

isentas de desejos e paixões,

exceto do glamour das traquinagens!

PFA/

1 - A roseira e seu redil

Jardineiro, jardim, rosas, roseira...

um paraíso de amor e paz

onde a felicidade, plena, jaz

e há cumplicidade verdadeira.

Enuviando esta alegria,

a roseira está adoentada

e, embora esteja medicada,

o problema exige cirurgia.

Das mãos de Deus virá a providência

instruindo os médicos locais

com o penhor da Sua competência!

Quinta-feira, orar, agradecer

e aguardar as bênçãos divinais

que, por certo, dos céus irão descer.

PFA/

Dia Mundial do Contador de Estórias

Batia, batia forte,

com grande perversidade...

nas costas e na cabeça,

batia sem piedade...

no peito, pernas e braços

ia deixando os traços

da sua atrocidade!

Desfilando na cidade,

com o chicote na mão,

fazia o sangue jorrar

do corpo do seu irmão,

sem o mínimo respeito

à justiça e ao direito

que tem cada cidadão.

Passivo de detenção,

foi levado ao xadrez;

diante do delegado,

justificou o que fez

dizendo que o jumento

é um animal birrento

e sem qualquer sensatez.

Sem mais, mais e nem talvez,

chocou a comunidade

a sentença da justiça:

– Pela sua crueldade,

diz o Código Penal,

dez moedas de real

será a penalidade.

Se mentira ou verdade,

essa estória depõe

do desrespeito à vida

que a justiça expõe;

criança, mulher, jumento...

sofrem com o tratamento

que o bandido impõe.

PFA/

Indriso 40 – Livre arbítrio

Contendem duas criaturas,

uma em defesa da paz,

outra por fúteis aventuras,

ao livre arbítrio de quem

o Deus Criador satisfaz,

contempla o mal ou o bem?

Medite com sobriedade,

livre arbítrio é verdade?

PFA/

No mundo da literatura

Amigo, o buraco é mais embaixo,

humildade não faz mal a ninguém,

então, ser diligente me convém,

porquanto, meu perfil é mais abaixo!

Quando a vaidade me cutuca,

empino o nariz e sonho alto,

estico as canelas, dou um salto

e findo preso numa arapuca.

Tenho vinte opúsculos no prelo,

entretanto, autor pé de chinelo

é melhor se manter no seu quixó.

Inferior a treco de brechó,

livro de quem não tem nome na praça

é alimento de cupim e traça.

Obs. Em resposta à manifestação de um amigo que insiste para que eu edite, em livros, algumas destas poesias.

PFA/

De volta pra casa

O vento açoitava a chapada

enquanto uma nuvem carregada

enfeitava com raios e trovões

as chuvas que caiam nos sertões;

a terra ressequida engolia

a cada gota d’água que caia

e as árvores riam e bailavam

embalando as aves que cantavam!

Ao sinal dos trovões e relampejos,

os bravos retirantes sertanejos
arrumam seus piqualhos na bagagem

e se preparam pra longa viagem!

– Obrigado Senhor, vamos voltar

e, com fé, outra vez recomeçar!

PFA/

Viagem existencial

Girei o pino do eixo que sustém a Terra,

impus velocidade de cruzeiro

e aportei no mês de fevereiro,

alvor  da gestação que se encerra.

Em órbita da urbi planetária,

a bordo do metrô da ilusão,

alcancei a mais alta dimensão

da minha pretensão imaginária.

Após divagar pelo Universo,

encontrei o Caminho e a Verdade

e comecei trilhar rumo inverso.

Vertiginosamente, fui trazido

até o mundo da realidade

onde, por fim, aguardo ser ungido.

PFA/

Abstração

Eu finjo e disfarço o meu pranto

enquanto tu escondes a tristeza

absolvida por tua singeleza

e que provoca tanto desencanto!

Aparências encobrem a verdade,

a essência dos nossos sentimentos

é trocada por dor e sofrimentos,

agindo com voraz insanidade.

Preconceitos destroem o penhor

e ignoram, em nossa existência,

os excelsos valores do amor.

Enquanto escraviza e deprime

a cruel e insana pestilência

afeta a essência mais sublime.

PFA/

Opção

Há no teu canto dor e desencanto,

o teu riso confunde-se com pranto

e teu olhar implora acalanto...

há desencanto e pranto em teu canto!

Tua alma perece combalida,

extasiada e arrependida,

exposta ao seol e sem guarida...

é sofrida e sem frida tua vida!

O teu viver é triste, entretanto,

existe amor e muito encanto

em essência motriz a ser vivida!

Ao invés de vagar desprotegida,

aceita a benesse oferecida

e repousa em Meu colo sacrossanto...

PFA/

*Galo de campina

(Soneto metrificado sem elisões)

Canta, canta, meu galo de campina,

alenta minha alma combalida,

inspira-lhe o fôlego de vida

evidente em tua voz divina!

Espraia melodia e encanto,

amplia o matiz da natureza,

eleva aos céus toda a beleza

advinda dos acordes do teu canto!

Despertar escutando tua voz

anestesia minha dor atroz

e alenta meu ser desiludido!

Se, por amor, houvesses tu sofrido,

entenderias este meu apelo

e me atenderias com desvelo.

PFA/

Indócil coração

Brilha em minha vida, ó meu Sol,

ilumina os meus dias sombrios,

ajuda-me a vencer os desafios

impostos por meu ego girassol.

Os meus olhos se voltam para Ti

esperançosos que novo alento

oxigene o meu ser desatento

e dê sentido a tudo que vivi.

Alheio às razões da existência,

em absoluta e vil negligência,

imergi aos porões da perversão

até que meu indócil coração

foi alcançado pelo Teu olhar

e trazido aos pés do Teu altar.

PFA/ 

Bodas de ouro

Em nossas mentes brilham, coloridas

imagens que marcaram nossas vidas,

alentadas por muitas esperanças

e unidas por duas alianças!

.

Meio século - uma geração -,

uma eternidade em fração

encontrada a todos os momentos

envolvendo os nossos sentimentos!

.

Em compasso de místico andor,

o tempo perpetua o amor

enquanto notifica a idade

.

a conduzir-nos pra eternidade

onde, com Cristo, iremos celebrar

as bodas de brilhante em seu altar.

.

PFA/11.03.2017.

Joia e mel - Pentâmetro iâmbico

A porcos que não têm noção de cheiro

- e cujo ego, sem saber, perece -,

as joias que se joga no chiqueiro

são flores dadas a quem não merece.

Contudo, não adube mau com mal,

em troca de jiló, jamais dê fel

e não confunda falso com real,

invés de amargor produza mel!

PFA/

Porque Shakespeare adorava o pentâmetro iâmbico e os repentistas adoram o martelo, vamos "cordelizar" em martelo o nosso pentâmetro iâmbico acima.

Amor que se dá a quem não merece

é joia que se joga no chiqueiro

a porcos que não têm noção de cheiro

e cujo ego, sem saber, perece

refém das garras do ardil que tece.

Contudo, não adube mau com mal

e não confunda falso com real,

em troca de jiló, jamais dê fel,

invés de amargor produza mel

e conte com vitória no final!

PFA/09.03

Pentâmetro iâmbico é um poema formado por dez sílabas poéticas metrificadas em cinco iambos, isto é, com todas as sílabas pares tônicas.

https://amara.org/en/videos/Xc4P82kFsQzR/pt-br/907179/

Crenças e crendices

Jonas Bezerra e Rogério Menezes

Algumas das dúvidas que nos corroem:
ciências, igrejas e outras mesmices,
ideias com cernes de várias crendices,
apoio a crenças que só nos destroem;
assim como fazem as pedras que moem,

procurei no solo, nas nuvens, no ar...
poder com real força  para criar,
após a pesquisa, por fim, concluí:
apenas Tu podes fazer o que vi,
Senhor dos Céus, da Terra e beira Mar!

PFA/04.03

Nota de exaltação aos poetas repentistas

No meu entender, eis uma das mais difíceis formas de composição poética. A complexidade da sua metrificação exige extraordinária competência do poeta. 

Bem mais difícil do que qualquer modalidade de soneto, por incrível que pareça, o galope à beira-mar (formado por dez versos de onze sílabas poéticas) é improvisado com aparente e impressionante facilidade, pelos poetas repentistas.   

"Os hendecassílabos (versos com 11 sílabas) mais usuais são formados por um iambo e três anapestos (marcação tônica nas sílabas 2, 5, 8 e 11 - métrica e ritmo responsáveis pela beleza da poesia) e têm a denominação de “galope à beira-mar”. Quando são utilizados em poemas do mesmo nome, terminam sempre com “galope à beira do mar”, ou alguma variação desta expressão." 

Para maiores informações visite:
O ritmo, a métrica, o pé - Paulo Camelo - Recanto das Letras

www.camelo.recantodasletras.com.br › Textos › Teoria Literária