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sexta-feira, 4 de maio de 2018

QM-IPV - Diálogos de Quia e Max - XCVIII



CORDELISTAS JOÃO MELO E SEPALO CAMPELO

Perfil de poeta repentista

—  Max, como se conhece um poeta?
—  Pelos poemas cuja veemência
supera em penhor e competência
os dribles de Neymar como atleta;

vendo como compõe de improviso,
com métrica apurada, a resposta
à provocação que lhe foi imposta
ou à mensagem expressa num aviso;

alguém que, sem penhores acadêmicos,
topa quaisquer diálogos polêmicos
nos mais diversos tipos de cordéis,

diferente dos doutos coronéis
que, iguais a mim, têm por maravilhas
meia dúzia de ínfimas sextilhas.

PFA/

CORDELISTAS JOÃO MELO E SEPALO CAMPELO

Todos os domingos, João Batista Melo instala uma barraca no Campo de São Bento, no centro de Niterói e, com a balança ao lado, vende sua poesia a peso. Cada cem gramas de cordel, o equivalente a dez livrinhos, podem sair por R$ 20. Ele e o cordelista Sepalo Campelo lançaram em 2013, com apoio da prefeitura, o folheto Niterói, 440 anos de Sorrisos.
São 44 estrofes, como esta, exaltando as belezas e a história da cidade: "A praia, o mar, as montanhas; formam seu lindo cenário; a mão divina a criou, num ponto extraordinário; o sol, estrelas, o mar, na hora de completarem, dão um visual lendário." Campelo ajudou a fundar, em 1988, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio. Melo ingressou na Academia em 2005. Desde então, os dois tornaram-se parceiros literários. Ministram oficinas em escolas e dão palestras explicando os meandros do cordel.
Eloquentes incansáveis, Campelo é autor de quase  40 folhetos e Melo já passou dos cem títulos. Os dois são funcionários públicos aposentados. Campelo nasceu no Rio Grande do Norte, em 1944, e com 16 anos mudou-se para a casa de um irmão em Niterói. Melo nasceu em Sergipe, em 1938. Foi ativista sindical na juventude e conta que viajou por várias cidades do nordeste, na década de 1970, fugindo dos agentes da repressão. Chegou a Niterói em 1995 e durante muitos anos trabalhou como porteiro de um hotel. 
O cordel acompanha a dupla desde a adolescência. "Minha terra tinha muitos festejos; me apaixonei pelos cordelistas cantando na praça e passei a escrever", lembra Melo. "Nas cidades pequenas não havia jornal e o cordel era o livro da realidade", afirma Campelo. "Quando não tinha televisão, o pessoal vibrava com um decassílabo, versos de dez sílabas", completa Melo. 
A Academia de Cordel do Rio guarda uma coleção de cerca de dez mil títulos, a maioria de autores nordestinos. Para Melo, o cordel é "uma virtude a ser revelada". "O poeta precisa trabalhar até atingir o plano da realidade", ressalta. Em 2011, a dupla tornou-se conhecida ao declamar poesias no encerramento da novela Cordel Encantado, da TV Globo.

SERVIÇO
Endereço: Campo de São Bento
Telefone: (21) 9-9722-6164 (João Batista Melo); (21) 2232-4801; 2221-1077 (Academia Brasileira de Literatura de Cordel)
Email: ablc@ablc.com.br

Um comentário:

  1. Pedro, se dízimo é a décima parte que pertence ao Senhor e deve ser devolvida para Ele. Eu entendo que o Sábado não seja dízimo, pois, o dia Santificado por Deus, acontece toda semana, portanto, um dia em cada sete, nesse caso, se não me falha o cálculo dá, exatamente, 14,29 %, ultrapassando, portanto, a porcentagem requerida pelo Dízimo. No entanto, no meu entender, ele se encaixa mais perfeitamente como uma oferta especial do nosso tempo!
    Comentário à parte; como versificação, esse soneto, no seu bojo, está badalejando e, imprimindo força na importante mensagem: O Senhor de amor, deve ser pregado! Obviamente, pregado no sentido de divulgado!

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