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segunda-feira, 14 de março de 2011

SPOEM - Turistas, aves de arribação?

Todos os anos se repetem as mesmas cenas:
Pessoas que chegam às dezenas, às centenas,
Invadem as nossas praias e as nossas praças,
As nossas casas, nossas vidas, e damos graças!

É gente vinda de longe, e também de perto!
Vindo de avião, de trem e por mar aberto,
Branca, preta, amarela, de todas as cores,
Mulheres, crianças, moças, rapazes, senhores.

Chegam e revolucionam as nossas vidas!
Simpáticas, interessantes, bem parecidas,
Vêem a procura de divertimento e paz,
Não regateiam, pagam por tudo que satisfaz!

Conquistam nossas amizades, nossos corações,
Despertam novos sentimentos e novas paixões!
Envolvemo-nos, sonhamos e nos entregamos.
Felizes, trabalhamos, sonhamos e amamos.

Mas, como se diz, tudo que é bom dura pouco!
Árvore que arde em chamas, cedo vira toco!
Passados alguns dias, eis a realidade:
Em nossas vidas, tudo volta à normalidade.

Nós, constrangidos, assistimos chegar a hora,
Os turistas, aves de arribação, vão embora.
Iguais a pedras que não param, não criam lodo,
Migalhas daqui e dali formam o seu todo.

Vão e, certamente, jamais regressarão. Adeus.
Sonhos, paixões, amores que despertaram, os meus,
De muitos, e também os seus, serão esquecidos,
Fomos chamas breves a mantê-los aquecidos.

Nas próximas férias os destinos serão outros,
Os amores, paixões, sofrimentos, serão d’outros.
Em novos lugares tudo será revivido,
E depois, infelizmente, também esquecido.

Aqui não mais! Valeu a lição! Vamos conquistá-los
E não apenas ser conquistados! Cativá-los!
Sentindo-se amados, certamente, voltarão,
E, assim, os teremos de inverno a verão.


Pedro F. Alves

Gravatá (PE), 28.12.2005

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