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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Grinalda de Sonetos – Divórcio.

 


I

  É o fim, não há mais amor, paixão...
definitivamente, terminou
a fantasia que nos embalou,
nós dois chegamos a esta conclusão.

A chama dos desejos se  apagou,
inexiste qualquer motivação
que justifique a nossa relação,
se concordamos que tudo acabou.

Tudo termina em briga, entre nós dois,
tudo é motivo para dissidências,
sempre deixamos o outro pra depois.

Não há como ficarmos conformados,
ambos fazemos nossas exigências
e terminamos sempre separados.

II

Está claro, evidente, insofismável...
não há nada que se possa fazer,
salta aos olhos, pra todo mundo ver,
que a nossa relação e deplorável.

Confesso: não sei mais o que fazer
é, inegavelmente, lastimável
esta situação imponderável,
sem quaisquer chances pra retroceder.

Da minha parte, fiz tudo que pude,
apenas revidei acusações,
mas sem usar qualquer palavra rude.

Motivos não nos faltam pra brigar,
porém, ressalvo: não houve traições,
jamais deixamos de nos respeitar.

III

Não descuidamos dos nossos rebentos,
jamais deixamos nada lhes faltar,
inclusive recursos pra estudar,
sempre fomos pais íntegros e atentos.

Nunca deixamos de comemorar:
aniversários e quaisquer eventos,
não fomos pais relapsos, desatentos...
bem acima de tudo estava o lar.

Não são poucas as nossas diferenças,
envolvendo questões de pouca monta,
felizmente mantemos nossas crenças!

Urge adotarmos sérias providências,
não podemos brincar de faz de conta,
nosso bem estar cobra diligências.

IV

  Como seu sacerdote e confidente,
estou na obrigação de lhe advertir
contra os enganos que podem advir
dessa postura tão inconsequente:

as justas consequências no porvir,
por ter sido rebelde e impaciente
considerando apenas o presente
e as benesses que pode usufruir.

Não contam as virtudes do parceiro (a):
honestidade, zelo, atenções,
diligência durante o tempo inteiro;

cuidado com os seus bens pessoais,
esforços pra manter as relações,
fidelidade aos votos conjugais...

V

Todo ser tem virtudes e defeitos,
porém somente o tempo os põe pra fora,
conhecer alguém, a rigor, demora
e, por certo, não há seres perfeitos.

Depois de conhecer, mandar embora,
é perder o trabalho que foi feito,
indo recomeçar, do mesmo jeito,
a buscar por seu par, aonde mora.

Uma, duas, três... quantas vezes mais
esta procura vai se repetir
sem que, talvez, não o encontre jamais,

não seria melhor, e mais  prudente,
tentar perdoar e reconstruir
o seu lar atual, humildemente?

PFA - 21.11.2021

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