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quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

C-XTTM - Troco e Trocadinho – Poeta e artilheiro


Troco

Trocadinho


Troco
– Data vênia, implora o Cordel,
a doutores, maestros, poliglotas,
detentores das mais brilhantes notas
e insignes artistas do plantel;
pra dizer do amargo e cruel
sofrimento de ser alvo de seta
de um nato, inato, ou atleta
que não zele por cada violeiro;
seja nato, inato ou artilheiro,
em essência, poeta é poeta.

Trocadinho
– Que se louve inatos trovadores,
perdão pros artilheiros inocentes,
punição para natos insolentes,
via de regra, mestres e doutores;
acadêmicos doutos sem sensores
que mutilam de forma indiscreta
a beleza da arte predileta
de cantor de viola e pandeiro,
seja nato, inato ou artilheiro,
em essência, poeta é poeta.

Troco
– Há poetas com dotes naturais
que destilam sublimes maravilhas
sem que se preocupem com as trilhas
que apontam os rumos ideais;
são os super dotados divinais
cujas obras conservam-se na reta
e que, por si sós, são alfa e beta
confirmando seu estro verdadeiro;
seja nato, inato ou artilheiro,
em essência, poeta é poeta.

Trocadinho
– Um poeta inato diligente
analisa, estuda e pesquisa
se esforça e sua a camisa
pra fazer poesia diferente;
no momento de ir, parte na frente,
modifica, transforma  se projeta,
bate pênalti e tiro de meta,
traça planos e segue o roteiro;
seja nato, inato ou artilheiro,
em essência, poeta é poeta.

Troco
– Sendo nato precisa mais cuidado
o processo requer mais atenção
tem menor teor de inspiração
do que tem um inato abençoado;
problemão que precisa ser tratado
com Cordel como arte predileta
se valendo da fórmula correta
e agir como faz um violeiro;
sela nato, inato ou artilheiro,
em essência, porta é poeta.

Trocadinho
– Artilheiro é coisa diferente,
não atenta pras regras adotadas,
é o rei, sem coroa, das peladas
e se diz um atleta competente;
poderá até ser inteligente
mas nem sempre alcança sua meta,
com propostas de bola indireta
não tem chances diante do arqueiro;
seja nato, inato ou artilheiro,
em essência, poeta é poeta.

Troco
Trocadinho e Troco reconhecem
os seus reles lugares no altar
– onde todo poeta quer chegar –
e admitem ter mais do que merecem;
todavia, assumem que carecem
conhecer a mecânica completa
a fim de alcançar a sua meta
e fazer jus às bênçãos por inteiro;
seja nato, inato ou artilheiro,
em essência, poeta é poeta.

Trocadinho
– Todos os dons procedem do Maestro
que a todos dedica atenção
– imanente do terno coração –
que inspira ao canho e ao destro;
mas nem todos alcançam pleno estro,
no estádio a obra se completa
com empenho da parte do atleta
esforçado, leal e verdadeiro,
seja nato, inato ou artilheiro,
em essência, poeta é poeta.

Troco
– Mesmo que tenha dote natural,
o atleta precisa ser moldado
até que venha a ser convocado
pra jogar na equipe principal;
alcançar o sonhado ideal
requer luta, esforço e dieta,
estipule qual é a sua meta
mas aceite se for o derradeiro;
seja nato, inato ou artilheiro,
em essência, poeta é poeta.

Trocadinho
– Em resumo, Cordel é muito mais
do que pensam finíssimos artistas
e a plêiades de articulistas
com visões dos redis regionais;
notas com os perfis universais
dão ideia da forma alfabeta
como se produz e se interpreta
poesia de cordel no seu celeiro;
seja nato, inato ou artilheiro,
em essência, poeta é poeta.

PFA/


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